quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Vejo-me triste, abandonada e só
Bem como um cão sem dono e que o procura,
Mais pobre e desprezada do que Job
A caminhar na via da amargura!

Judeu Errante que a ninguém faz dó!
Minh’alma triste, dolorida e escura,
Minh’alma sem amor é cinza e pó,
Vaga roubada ao Mar da Desventura!

Que tragédia tão funda no meu peito!…
Quanta ilusão morrendo que esvoaça!
Quanto sonho a nascer e já desfeito!

Deus! Como é triste a hora quando morre…
O instante que foge, voa, e passa…
Fiozinho de água triste…a vida corre…



Florbela Espanca - Livro de Sóror Saudade

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

SONETO A Frederico Nietzsche

Para que nesta vida o espírito esfalfaste
Em vãs meditações, homem meditabundo?
- Escalpelaste todo o cadáver do mundo
E, por fim, nada achaste... e, por fim, nada achaste!...

A loucura destruiu tudo o que arquitetaste
E a Alemanha tremeu ao teu gemido fundo!...
De que te serviu, pois, estudares profundo
O homem e a lesma e a rocha e a pedra e o carvalho e a haste?

Pois, para penetrar o mistério das lousas,
Foi-te mister sondar a substância das cousas
- Construíste de ilusões um mundo diferente,

Desconheceste Deus no vidro do astrolábio
E quando a Ciência vã te proclamava sábio,
A tua construção quebrou-se de repente!
(Augusto dos Anjos) (1905, O Commercio).

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A Alvorada do Amor

Fonte da imagem: www.brasilcult.pro.br/estudos/literatura/poesia_brasil08.htm
Um horror, grande e mudo, um silêncio profundo
No dia do Pecado amortalhava o mundo.
E Adão, vendo fechar-se a porta do Éden, vendo
Que Eva olhava o deserto e hesitava tremendo,
Disse:

Chega-te a mim! entra no meu amor,
E e à minha carne entrega a tua carne em flor!
Preme contra o meu peito o teu seio agitado,
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado!
Abençôo o teu crime, acolho o teu desgôsto,
Bebo-te, de uma em uma, as lágrimas do rosto!

Vê tudo nos repele! a tôda a criação
Sacode o mesmo horror e a mesma indignação...
A cólera de Deus torce as árvores, cresta
Como um tufão de fogo o seio da floresta,
Abre a terra em vulcões, encrespa a água dos rios;
As estrêlas estão cheias de calefrios;
Ruge soturno o mar; turva-se hediondo o céu...

Vamos! que importa Deus? Desata, como um véu,
Sôbre a tua nudez a cabeleira! Vamos!
Arda em chamas o chão; rasguem-te a pele os ramos;
Morda-te o corpo o sol; injuriem-te os ninhos;
Surjam feras a uivar de todos os caminhos;
E, vendo-te a sangrar das urzes através,
Se amaranhem no chão as serpes aos teus pés...
Que importa? o Amor, botão apenas entreaberto,
Ilumina o degrêdo e perfuma o deserto!
Amo-te! sou feliz! porque, do Éden perdido,
Levo tudo, levando o teu corpo querido!

Pode, em redor de ti, tudo se aniquilar:
Tudo renascerá cantando ao teu olhar,
Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,
Porque a Vida perpétua arde em tuas entranhas!
Rosas te brotarão da bôca, se cantares!
Rios te correrão dos olhos, se chorares!
E se, em tôrno ao teu corpo encantador e nú,
Tudo morrer, que importa? A natureza és tu,
Agora que és mulher, agora que pecaste!
Ah! bendito o momento em que me revelaste
O amor com teu pecado, e a vida com o teu crime!
Porque, livre de Deus, redimido e sublime,
Homem fico na terra, luz dos olhos teus,
Terra, melhor que o Céu! homem maior que Deus! 



  (Olavo Bilac) (Livro: Bilac Tempo e Poesia publicado em 1965)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces: 
Positiva e negativa 
O passado foi duro 
mas deixou o seu legado 
Saber viver é a grande sabedoria 
Que eu possa dignificar 
Minha condição de mulher, 
Aceitar suas limitações 
E me fazer pedra de segurança 
dos valores que vão desmoronando. 
Nasci em tempos rudes 
Aceitei contradições 
lutas e pedras como lições de vida 
e delas me sirvo 
Aprendi a viver. 

Cora Coralina

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Presença

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mario Quintana

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O Sobrevivente



 

Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.

Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.

Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.

Os homens não melhoram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.

(Desconfio que escrevi um poema.)


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Se a tua vida se estender
Mais do que a minha
Lembra-te, meu ódio-amor,
Das cores que vivíamos
Quando o tempo do amor nos envolvia.
Do ouro. Do vermelho das carícias.
Das tintas de um ciúme antigo
Derramado
Sobre o meu corpo suspeito de conquistas.
Do castanho de luz do teu olhar
Sobre o dorso das aves. Daquelas árvores:
Estrias de um verde-cinza que tocávamos.
E folhas da cor das tempestades
contornando o espaço
De dor e afastamento.
Tempo turquesa e prata
Meu ódio-amor, senhor da minha vida.
Lembra-te de nós. Em azul. Na luz da caridade."
Hilda Hilst

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Vozes da noite

Vozes na Noite!  Quem fala
Com tanto ardor, tanto afã?
Falou o Grilo primeiro,
Logo depois foi a rã.


Pobre loucura dos homens
Quando julgam entendê-las…
Só eles pasmam os olhos
Neste encanto das estrelas.


Lá no silêncio dos campos
Ou no mais ermo da serra,
Na voz das rãs fala a água,
Na voz dos grilos a Terra.


Só eles cantam a vida
Com amor e singeleza,
Por ser descuidada, alegre;
Por ser simples com beleza.


Pudesse agora dizer-te,
Sem ser por palavras vãs,
O que diz a voz dos grilos,
O que diz a voz das rãs.

Armando Cortes Rodrigues



domingo, 20 de novembro de 2011

Eu Voltarei







Meu companheiro de vida será um homem
corajoso de trabalho, servidor do próximo,
honesto e simples, de pensamentos limpos.
Seremos padeiros e teremos padarias.
Muitos filhos à nossa volta.
Cada nascer de um filho
será marcado com o plantio de uma árvore simbólica.
A árvore de Paulo, a árvore de Manoel,
a árvore de Ruth, a árvorede Roseta.
Seremos alegres e estaremos sempre a cantar.
Nossas panificadoras terão feixes de trigo
enfeitando suas portas,
teremos uma fazenda e um Horto Florestal.
Plantaremos o mogno, o jacarandá,
o pau-ferro, o pau-brasil, a aroeira, o cedro.
Plantarei árvores para as gerações futuras.
Meus filhos plantarão o trigo e o milho, e serão padeiros.
Terão moinhos e serrarias e panificadoras.
Deixarei no mundo uma vasta descendência de homens
e mulheres, ligados profundamente
ao trabalho e à terra que os ensinarei a amar.
E eu morrerei tranqüilamente dentro de um campo de trigo ou
milharal, ouvindo ao longe o cântico alegre dos ceifeiros.
Eu voltarei...
A pedra do meu túmulo
será enfeitada de espigas de trigo
e cereais quebrados
minha oferta póstuma às formigas
que têm suas casinhas subterra
e aos pássaros cantores
que têm seus ninhos nas altas e floridas
frondes.
Eu voltarei...



                                                                                                                                           Cora Coralina

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Lagartixa

Da Costa e Silva

A um só tempo indolente e inquieta, a lagartixa,
Uma réstia de sol buscando a que se aqueça,
À carícia da luz toda estremece e espicha
O pescoço, empinando a indecisa cabeça.

Ei-la aquecendo ao sol; mas de repente a bicha
Desatina a correr, sem que a rumo obedeça,
Rápida num rumor de folha que cochicha
Ao vento, pelo chão, numa floresta espessa.

Traça uma reta, e pára; e a cabeça abalando,
Olha aqui, olha ali; corre de novo em frente
E outra vez, pára, a erguer a cabeça, espreitando…

Mal um inseto vê, detém-se de repente,
Traiçoeira e sutil, os insetos caçando,
A bater, satisfeita, a papada pendente…

Em: Poesias completas, Da Costa e Silva, Nova Fronteira: 1985, Rio de Janeiro



Antonio Francisco da Costa e Silva – (Amarante, Piauí, 1885 – Rio de Janeiro, 1950) Poeta.  Começou a compor versos por volta de 1896, tendo seus primeiros poemas publicados em 1901. Todavia, seu primeiro livro de poesia, Sangue, foi lançado só em 1908, primeira obra da última geração simbolista. .  Formou-se pela Faculdade do Direito do Recife. Foi funcionário do Ministério da Fazenda, tendo ocupado os cargos de Delegado do Tesouro no Maranhão, no Amazonas, no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Viveu não só na capitais desses estados, mas também, por mais de uma vez, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Jornalista. Exerceu função pública na Presidência da República do Brasil, entre 1931 e 1945, a pedido do então presidente Getúlio Vargas. É o autor da letra do hino do Piauí.  Recolheu-se ao silêncio, demente, pelos últimos 17 anos de vida. Faleceu em 29 de junho de 1950.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Motivo

Eu canto porque o instante existe

E a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

Sou poeta.

 

Irmão das coisas fugidias,

Não sinto gozo nem tormento,

Atravesso noites e dias

No vento.

 

Se desmorono ou se edifico,

Se permaneço ou me desfaço,

- não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

 

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Meireles


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Eu Que Não Sei Quase Nada Do Mar


 
Garimpeira da beleza te achei na beira de você me achar
Me agarra na cintura, me segura e jura que não vai soltar

E vem me bebendo toda, me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio, não vou esquecer.

Eu que não sei quase nada do mar descobri que não sei nada de mim


Clara noite rara nos levando além da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão

Clara noite rara nos levando além da arrebentação

Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão

Me agarrei em seus cabelos, sua boca quente pra não me afogar

Tua língua correnteza lambe minhas pernas como faz o mar
E vem me bebendo toda me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio, não vou esquecer

Eu que não sei quase nada do mar descobri que não sei nada de mim


Clara noite rara nos levando além da arrebentação

Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão

Clara noite rara nos levando além da arrebentação

Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão 

Ana Carolina / Jorge Vercilo

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Dois Chapéus


Dois chapéus...
Para Cadu e Rê (em ordem alfabética)

Um panamá e um fedora...
Vistosos, europeus, alvissareiros,
Limpos, macios, finos, perfumados.
Um dentro do outro, encarnados,
Metidos, copulados, introduzidos
Um noutro.

Dois chapéus, cúmplices,
Imagem de amor,
De sexo ardente, profano e profundo.
Dor e sabor, prazer lambuzado, saciado e por vir.
Esperança nos olhos...
Cruzam os olhares, buscam a certeza em si mesmos,
Na troca que só lhes cabe.
A todo instante, brindam com sinais delicados, silenciosos e discretos,
Da alma, do coração.
Escorpio, intenso, sensual, viril e panamá.
Aquarius, idealista, livre, objetivo e fedora.
Contrários, completos, dispostos, românticos.
Quem poderá traduzi-los?
Trocam confidências na sintonia do silêncio.
Atentos e atônitos.
Ansiosos e provocadores.
Vassalos e senhores.
Troca-troca, troca e destroca, xeque-mate!!!!

Dois chapéus fundidos
Ilhados
Dançarinos bêbados no meio da multidão
Fartam-se de confetes e champanhe
Embriagam-se em demasia e dançam nus no salão.

Dois chapéus em si, na mesa,
Perto das flores que os decoram.
Um panamá e um fedora.
Dois num.
Chapéus na mesa, no turbilhão.
Dois chapéus simples assim.
Agora, panamá e fedora fecham discretamente a porta do quarto.
É a hora de mais um gozo em homenagem à vida.                                                                       
Carlos Villarruel (20 de outubro de 2011)

sábado, 5 de novembro de 2011

Antes




Antes de amar-te, amor, nada era meu:
vacilei pelas ruas e as coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que esperava.

E conheci salões cinzentos,
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que insistiam na areia.




Tudo estava vazio, morto e mudo,
caido, abandonado e decaido,
tudo era inalienavelmente alheio,

tudo era dos outros e de ninguem,
até que tua beleza e tua pobreza
de dádivas encheram o outono.

Pablo Neruda

sábado, 29 de outubro de 2011

Quarto em desordem

Na curva perigosa dos cinqüenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

que não sabe como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar


a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo

verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama. 

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 28 de outubro de 2011


Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.

Pablo Neruda

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sermão do 4º Domingo

"A mim a imagem dos meus pecados me comove muito mais que essa imagem do Cristo crucificado. Diante dessa imagem do Cristo crucificado, sou levado a ensoberbecer-me por ver o preço pelo qual Deus me comprou; diante da imagem dos meus pecados é que eu me apequeno por ver o preço pelo qual eu me vendi. Por ver que Deus me compra com todo o seu sangue, eu sou levado a pensar que eu sou muito, que eu valho muito. Mas quando noto que eu me vendo pelos nadas do mundo, aí eu vejo que sou nada. Eu valho nada."
Padre Antonio Vieira

Em Vida...

"Deus permita que eu esteja vivo no dia de minha morte."
(Winnicott)

É bem possível que, neste instante, olhos atentos queiram desnudar-me e alvejar-me com lanças que toquem meu coração e o façam calar.
É bem possível que, neste momento, haja um ladrão à minha espreita, ansioso por furtar-me os desejos mais recônditos.
É bem possível que, neste instante, uma guitarra portuguesa embriagada de tanta solidão dedilhe as notas derradeiras da trilha sonora que não me coube.
É bem possível que, neste momento, um cataclismo, um furacão e um terremoto enfurecidos me lancem pelos ares e espalhem pedaços meus pelo mar.
Neste momento de desolação, é bem possível que nada valha a pena, que pouco me reste, que nada seja permitido, que tudo se perca nos vãos do esquecimento.

Entretanto, neste mesmo instante (pois tudo n'alma acontece ao mesmo tempo), uma estrela talvez brilhe no céu escuro e eu sinta (ou finja) que ela me sorri ingenuamente.
Então, neste momento, é bem possível que um anjo lindo, de cabelos bem encaracolados, desnude-me e brinque comigo como nos meus tempos de quintal.
É bem possível que, neste momento, o amor me desperte de sonhos confusos e traga os castelos roubados no tempo da minha inocência.
É bem possível que, neste momento, eu componha uma modinha bem simples, de estrofes fáceis e notas alegres, que me faça chorar de felicidade e saudade.
É bem possível que, neste momento, o sopro divino me lance no ar e me faça voar livre e despido de tudo aquilo que não me serve e que, por isso, me ornamenta.
Neste momento de sonho possível, é bem provável que alguém chegue e me resgate da melancolia que me consome, tranquilize meu coração inquieto, não permita que a morte me devore e me devolva novamente a Deus.

E assim, no meio de tudo que me acomete o tempo todo e a qualquer hora, poderei brincar com meus sentimentos e minhas palavras.
Poderei, enfim, fazer das palavras que conheço e me servem as peças que se encaixam nos sentimentos que me excitam.
Assim, os sentimentos poderão ser refletidos por palavras encantadas, que transformam a mim e minha existência na mais santificada das poesias.
Carlos Villarruel
3.9.2011