domingo, 30 de junho de 2013

Pressentimento

“Das estrelas do céu a que tem maior brilho,
Aquela que nasceu para me iluminar,
És tu, meu lindo filho!...”
E Maria se pôs a sorrir e a cantar.

“Das criaturas da terra a que de longe veio
Para o mundo salvar,
És tu, alma minha!” E aconchegando-se no seio,
Maria começou docemente a chorar.

Sob as asas do céu triste, neste momento,
O luar, como uma flor, se abriu em luz.
E a noite desenhou como um pressentimento
A sombra de uma cruz nos seus braços em cruz.


Olegário Mariano

sábado, 29 de junho de 2013

Cai, cai, balão

Na noite fria, quieta e estrelada
Que o luar envolve num grande beijo,
Vai subir o balão... A criançada
Acende os olhos, abre os braços em desejo...

Arfa o bojo amarelo num momento...
Treme. Estala ao clamor doido que o impele...
Lá vai levado no vaivém do vento...
Os olhos sobem para o céu com ele.

Ilusão de um desejo irrealizado,
Passou... Vem outro... Cai, balão! A noite é fria.
E outro que sobre, e outro que cai do céu doirado
Abre na criançada explosões de alegria...

Ah, vida humana! Em minha ingenuidade

Acho que o destino é triste mas é lindo!
Como um balão aceso, a Felicidade
Foge das nossas mãos e vai indo... vai indo...

Cai, cai, balão!




Olegário Mariano

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Arco Íris


Choveu tanto esta tarde
Que as árvores estão pingando de contentes.
As crianças pobres, em grande alarde,
Molham os pés nas poças reluzentes.

A alegria da luz ainda não veio toda.

Mas há raios de sol brincando nos rosais.
As crianças cantam fazendo roda,
Fazendo roda como os tangarás:
“Chuva com sol!
Casa a raposa com o rouxinol.”

De repente, no céu desfraldado em bandeira,
Quase ao alcance da nossa mão,
O Arco-da-Velha abre na tarde brasileira
A cauda em sete cores, de pavão.


Olegário Mariano

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O Sol que canta


Quando a cigarra canta é o sol que canta.
Por isso o canto dela acorda cedo
E vai rolando com veemência tanta
Que enche as grotas, os campos e o arvoredo.

Desce aos vales, penetra na garganta

Da serra e acorda a pedra do rochedo.
Parece que da terra se levanta
Um punhado de pássaros com medo.

Em chispas de ouro e vibrações estranhas

Vibram clarins nas notas derramadas...
Estilhaçam-se taças nas montanhas...

E o sol, seguindo o canto que se alteia,
Deita fogo na poeira das estradas
E põe pingos de luz nos grãos de areia.


Olegário Mariano

quarta-feira, 26 de junho de 2013

A Fonte

Que melodia era aquela?
Dia e noite, noite e dia,
Sempre aquela melodia
A me entrar pela janela.

Sem saber o que fazia,
Fui seguindo o canto dela.
Era uma fonte singela
Que cantava... que corria...

Feliz quem na sua mágoa
Tem como a fonte sonora
Cantigas no choro da água...

Ai contraste singular!
Pode a alma cantar... embora!
Que a fonte chora é no olhar.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Versos ao meu cão


Meu cão chama-se Floc. Entre os mais belos,
É talvez o mais lindo que há no mundo.
É um cão meditativo e silencioso.
Nos seus olhos redondos e amarelos
Há qualquer coisa de saudoso
E de profundo.

É longo e magro. Tem o andar lento e pausado
De um boêmio sonhador,
Que vive a recordar com o seu Passado,
A Glória, a Vida, a Mocidade, o Amor...

Foge dos outros cães; anda constantemente
Só, porque ama o silêncio do abandono.
Passa os dias deitado molemente
Aos pés da escrivaninha do seu dono.

Tem carícias no olhar de água parada...
Outro dia, no escuro da janela,
Vi que olhava para ele, enamorada,
Maravilhadamente uma cadela.

Nasceu nalgum país de bruma fria,
Num castelo escondido entre a espessura,
Porque ele tem a polidez da fidalguia
E o sangue azul dos cães de raça pura.

É um cão de vida original e quieta;

Tão diferente desses cães de rua!
Meio filósofo e poeta
Amando a solidão e amando a lua.

Seus olhos grandes, mesmo que não falem,
Traduzem, num profundo desalento,
Toda a sua romântica afeição:

Há muitos homens por aí que nada valem
Porque não têm o sentimento
Nem a sinceridade do meu cão.

Olegário Mariano

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Crepúsculo de Junho



A saudade do Sol vibra nas folhas tenras
E as alamêdas têm retos de mocidade...
Ainda se ouver um rumor de assas que já fugiram.
As árvores estão chrando de saudade
Pelas últimas folhas que caíram...

Há sombras na água... O poente é ouro velho
E a paisagem perdida em meia tinta,
Tem sombras imperfeitas e bizarras...
Sente-se muito ao longe, apagada, indistinta,
A música das últimas cigarras...

Com estas sugestões de crepúsculos tristes
Esta Elegia trêmulo rascunho...
dos meus olhos fugiu tôda Felicidade
Para sentir-vos, ó Crepúsculos de Junho,
Na vossa humana e intérmina saudade.

Foi preciso sentir e amar as árvores!...
Fui árvore também, vivi com elas,
Mas veio o outono, malsinado outono,
Deixando além de folhas amarelas,
A angústia da saudade e do abandno.

Por vós que humanizais a natureza,
Me ajoelho, me enterneço e me acabrunho.
Crepúsculos de Glória e de Beleza!
Que alegria sentir vossa tristeza
Por estas tardes lânguidas de Junho!

Olegário Mariano
(Em: Toda uma vida de poesia vol. 1- págs 197,198
Ed.José Olímpio, 1957)
Nota: o leitor vai encontrar acento onde não existe bem como letra maiúscula
sem necessidade. Informo que isso se deve ao fato de ter mantido
a grafia original e que era dessa forma que se escrevia nas décadas de 40 e 50.

domingo, 23 de junho de 2013

Das Pedras

Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
Entre pedras que me esmagavam
levantei a pedra rude
dos meus versos.
Cora Coralina
Meu Livro de Cordel, 8. ed., p. 13, 1998

sábado, 22 de junho de 2013

O Cântico da Terra

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.
 Cora Coralina

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Mascarados

Saiu o Semeador a semear
Semeou o dia todo
e a noite o apanhou ainda
com as mãos cheias de sementes.
Ele semeava tranqüilo
sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido
do que outros semearam.
Jovem, seja você esse semeador
Semeia com otimismo
Semeia com idealismo
as sementes vivas
da Paz e da Justiça.
 

Cora Coralina

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Velho

Estás morto, estás velho, estás cansado!

Como um suco de lágrimas pungidas
Ei-las, as rugas, as indefinidas
Noites do ser vencido e fatigado.

Envolve-te o crepúsculo gelado
Que vai soturno amortalhando as vidas
Ante o repouso em músicas gemidas
No fundo coração dilacerado.

A cabeça pendida de fadiga,
Sentes a morte taciturna e amiga,
Que os teus nervosos círculos governa.

Estás velho estás morto! Ó dor, delírio,
Alma despedaçada de martírio
Ó desespero da desgraça eterna.


Cora Coralina

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Todas as Vidas

Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé
do borralho,
olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço…
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo…
Vive dentro de mim
a lavadeira
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
-Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha…
tão desprezada,
tão murmurada…
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida -
a vida mera
das obscuras!
 

Cora Coralia

terça-feira, 18 de junho de 2013

Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir…

Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede. 










Cora Coralina
(Poema conferido e digitado por Fabio Rocha e Rebeca dos Anjos em 1 de novembro de 2012, retirado do livro Melhores Poemas; seleção e apresentação Darcy França Denófrio. São Paulo: Global, 3ª edição, 2008. 4a reimpressão, 2011. p. 243)

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Estação Saudade

Tem gente que viajou na sua saudade,
só com um bilhete de ida,
e não consegue voltar,
imergir das próprias lembranças para a vida.
Parece que a saudade é uma vila distante,
um país que não conseguimos alcançar,
mas que insistimos em procurar...
E viajamos por esses caminhos
quase sempre sombrios do reviver,
do desejar o que já não é mais...
o que já não existe...
Se você sente que o trem partiu
e ficou na estação dos desejos,
com a mala na mão e um gosto estranho na boca,
um estranho sentimento de perda,
acredite: está na hora de voltar,
embarcar no trem da vida,
que apita apenas uma vez a cada chegada,
e te espera para novas viagens,
com novas paisagens,
novos sentimentos, e, quem sabe,
um novo amor na vida que recomeça,
que se refaz na estação do tempo,
que te cobra apenas o desejo de ser feliz...

Paulo Roberto Gaefke

domingo, 16 de junho de 2013

Poema Começado no Fim


Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:

parece que estou num filme.  
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.

Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde, imaginai o que era o sol da tarde sobre a nossa fragilidade.
 
Vinha com Jonathan pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.



Adélia Prado

sábado, 15 de junho de 2013

Bilhete em Papel Rosa

A meu amado secreto, Castro Alves.
Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio.
Vê estas olheiras dramáticas,
este poema roubado:
"o cinamomo floresce
em frente ao teu postigo.
Cada flor murcha que desce,
morro de sonhar contigo".
Ó bardo, eu estou tão fraca
e teu cabelo tão é negro,
eu vivo tão perturbada, pensando com tanta força
meu pensamento de amor,
que já nem sinto mais fome,
o sono fugiu de mim. Me dão mingaus,
caldos quentes, me dão prudentes conselhos,
eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido,
a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vias ligadas.
Antônio lindo, meu bem,
ó meu amor adorado,
Antônio, Antônio.
Para sempre tua.


Adélia Prado

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O Vestido

No armário do meu quarto escondo de tempo e traça
meu vestido estampado em fundo preto.
É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas
à ponta de longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito,
meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:
eu estou no cinema e deixo que segurem a minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.


Adélia Prado

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A Serenata

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natal como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhecee.
De que modo vou abrir a janela, se não
Adélia Prado

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Janela

Janela, palavra linda.
Janela é o bater das asas da borboleta amarela.
Abre pra fora as duas folhas 

de madeira à-toa pintada,
janela jeca, de azul.
Eu pulo você pra dentro e pra fora, 

monto a cavalo em você,
meu pé esbarra no chão.
Janela sobre o mundo aberta, por onde vi
o casamento da Anita 

esperando neném, a mãe
do Pedro Cisterna urinando na chuva, 

por onde vi meu bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai:
minhas intenções com sua filha são as melhores possíveis.
Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão,
clarabóia na minha alma,
olho no meu coração.

Adélia Prado

terça-feira, 11 de junho de 2013

O Amor no Éter


Há dentro de mim uma paisagem
entre meio-dia e duas horas da tarde.
Aves pernaltas, os bicos
mergulhados na água,
entram e não neste lugar de memória,
uma lagoa rasa com caniço na margem.
Habito nele, quando os desejos do corpo,
a metafísica, exclamam:
como és bonito!
Quero escrever-te até encontrar
onde segregas tanto sentimento.
Pensas em mim, teu meio-riso secreto
atravessa mar e montanha,
me sobressalta em arrepios,
o amor sobre o natural.
O corpo é leve como a alma,
os minerais voam como borboletas.
Tudo deste lugar
entre meio-dia e duas horas da tarde.

Adélia Prado
Poesia Reunida (Ed. Siciliano, Brasil, 1991) 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Amor Feinho

"Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho."

Adélia Prado

sábado, 8 de junho de 2013

Marlon Brando

3/4/1924, Omaha, Estados Unidos
1/7/2004, Los Angeles, Estados Unidos

Marlon Brando recusou o Oscar de melhor ator pelo desempenho em O Poderoso Chefão

Marlon Brando é considerado um dos maiores atores de todos os tempos, alguém que, pela rebeldia, pela coragem, pela sua luta contra a injustiça, destacou-se como ícone de uma geração.

Descendente de imigrantes irlandeses, Marlon Brando foi criado com duas irmãs mais velhas, Jocelyn e Frances. Em 1935 seus pais se separaram, e sua mãe mudou-se com os filhos para Santa Ana, na Califórnia. Dois anos depois, com a reconciliação dos pais, a família instalou-se em Libertyville.

Em 1940, Brando entrou para a Academia Militar, em Fairbult, mas acabou sendo expulso por insubordinação. Em 1943 foi a Nova York, matriculou-se numa academia de teatro, dirigida pelo famoso Erwin Piscator, onde estudou o método de interpretação Stanislavski, com Setlla Adler.




Fez sua estréia na Broadway em 1944, com a peça "I Remember Mama". Dois anos depois, foi apontado pelos críticos como o ator mais promissor do teatro de Nova Iorque.


Em 1947 atuou - por sugestão do diretor teatral e cineasta Elia Kazan - em seu maior papel no teatro, o de Stanley Kowalski, em "Um Bonde Chamado Desejo", de Tennessee Williams.

A estréia cinematográfica de Marlon Brando foi como um veterano de guerra paraplégico no filme "Espíritos Indômitos". Em 1951, Brando aceitou fazer novamente o papel de Kowalski numa versão para cinema de "Um Bonde Chamado Desejo".

A seguir filmou "Viva Zapata", em 1952, com roteiro do escritor John Steinbeck, e, depois, criou o inesquecível líder de gangue em "O Selvagem"(1954). Ainda no mesmo ano, com "Sindicato de Ladrões", Brando conseguiu seu primeiro Oscar, no papel de um homem lutando contra a corrupção e o crime.

Seguiram-se vários filmes, entre os quais "Eles e Elas", "Casa de Chá ao Luar de Agosto", "Sayonara", "Os Deuses Vencidos", "Caçada Humana" e "Candy".

O sucesso estrondoso veio em 1972, com o papel do mafioso Don Corleone, no filme "O Poderoso Chefão", de Francis Ford Coppola. Ganhador do Oscar de melhor ator, Brando recusou o prêmio em protesto ao tratamento dado por Hollywood aos índios americanos.

No mesmo ano foi lançado "O Último Tango em Paris", um filme polêmico em que Brando contracenou com Maria Schneider em calorosas cena de sexo que fizeram o filme ser proibido em vários países do mundo, inclusive no Brasil.

Em 1979, o ator participou de "Apocalipse Now", também sob direção de Coppola, que se tornou um extraordinário sucesso



Brando casou-se várias vezes. Sua primeira mulher foi Anna Kashfi, com quem teve um filho, Christian, em 1958. Casou-se depois com Movita Castaneda, com quem teve outro filho, Miko Brando. Casou-se também a taitiana Tarita Teriipia, com quem teve dois filhos, Cheyenne e Teihoutu. Em 1970 adotou Petra Barret Brando. Uniu-se ainda a Cristina Ruiz, com quem teve Nina, em 1989.


Sua vida familiar também foi marcada por processos milionários de ex-esposas e grandes tragédias. Em 1990, seu filho Christian assassinou Dag Drollet, namorado de sua filha Cheyenne. Em 1995 Cheyenne suicidou-se, lutando contra a depressão e problemas mentais.



Nos últimos anos de vida, Brando viveu praticamente em reclusão, enfrentando recorrentes problemas com a bebida e com o excesso de peso. Mesmo assim, participou de vários filmes, fazendo papéis secundários, como "Don Juan di Marco" e "A Ilha do Doutor Moreau".

Morreu aos 80 anos, vítima de complicações pulmonares, e deixou instruções detalhadas sobre seu funeral. Seu corpo foi cremado numa cerimônia reservada à família.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Clark Gable





Clark Gable (1901-1960) nasceu em Cadiz, Ohio, no dia 1 de fevereiro. Seu pai Wiliam Henry Gable era fazendeiro e perfurador de poços de petróleo, sua mãe Adeline Hepshelman era descendente de alemães e irlandeses. Morreu quando ele tinha sete meses. Na adolescência, teve que estudar e trabalhar.

Aos 16 anos Clark abandonou a escola e o trabalho de operário em uma fábrica para tentar a carreira de ator. Essa decisão surgiu quando ele viu no teatro a peça "O Nascimento do Paraíso". Em pouco tempo conseguiu se engajar em algumas companhias, fazendo trabalhos braçais. O charme de Clark com as mulheres já existia na juventude. Em 1924 casou-se com uma mulher 20 anos mais velha, Josephine Dillon, que acabou sendo a sua primeira agente.

Josephine o levou à Hollywood. Na ocasião só conseguiu fazer ponta no filme "A Viúva Alegre". Clark voltou a fazer teatro com o novo amigo, o então respeitado Lionel Barrymore, ator conceituado, irmão de Ethel e John Barrymore, que junto com a esforçada Josephine, conseguiu encaminhá-lo para a Metro, então sob a direção de Irving Thalberg.

 


 
Naquele estúdio em 1930, no filme "O Deserto Pintado" começou a brilhar sua carreira de ator. Nessa época se separa de Josephine, que foi a responsável por desenvolver suas aptidões artísticas.

Em 19 de junho de 1931 (um ano depois do divórcio), casou-se com a socialite Rhea Langham. Dizem que, mesmo casado com aquela rica mulher de Nova York, ele mantinha um caso com Joan Crawford, sua coadjuvante em "Dance, Fools, Dance", de Harry Beaumont, um dos primeiros musicais do cinema sonoro.

No mesmo ano que contracenou com Crawford, Clark foi protagonista de alguns filmes da Metro. Um deles foi "Susan Lennox", com Greta Garbo. Em 1931, foi "Red Dust", com Jean Harlow. Clark recusou seguir determinado roteiro, o que contrariou o estúdio que o consagrou. Para puni-lo foi emprestando-o para a Colúmbia em 1934. O diretor Frank Capra, resolveu entregar-lhe o papel de um jornalista que foge com a milionária Claudette Colbert, no filme "Aconteceu Naquela Noite", foi um sucesso, a primeira comédia premiada com um Oscar. Gable, assim como Claudette, ganharam o troféu.

Clark seria finalista novamente para o Oscar em duas outras ocasiões. Uma em 1938 por "O Grande Motim" e a outra em 1939 com "E o Vento Levou". Apesar de ser apontado como favorito e de fazer menção de levantar-se quando anunciavam o vencedor nessa categoria, ele perdeu para o inglês Robert Donat por "Adeus, Mr. Chips". Mas hoje existe um certo consenso que "E o Vento Levou" foi o maior momento cinematográfico da carreira de Clark.
Clark foi escolhido para ser Rhett Butler devido as inúmeras cartas que mulheres enviaram aos estúdios da Metro ao ser anunciada a filmagem desse best seller. E como Rhett, ele foi a própria imagem da sedução. Misturando uma certa cafajestice com determinação, confirmou-se como o maior galã do cinema na ocasião. O ator também estava de bem com a vida. "A única razão porque o público vem me ver é porque eu sei que a vida é grande e eles (os espectadores) sabem que eu sei disso'', afirmou Gable na ocasião.
 


Esse era o grande momento da sua vida pessoal. Estava apaixonado por Carole Lombard, a bela e alegre atriz que havia conhecido em 1932. Em 29 de março de 1939, 25 dias depois de ter o divórcio de Rhea, casou-se com Carole. Essa felicidade durou pouco. Em 16 de janeiro de 1942, Carole morreu na queda do avião que a trazia de volta para casa, após ter se apresentado para soldados que iam para guerra. A fatalidade arrasou com Clark. Recusou voltar ao trabalho.
Clark se alistou na força aérea e foi para o front de batalha, participando ativamente do bombardeio de importantes pontos nazistas. Por isso, foi condecorado no seu retorno aos Estados Unidos. De volta ao cinema, Clark passou a atuar em filmes de ação. O primeiro foi "Aventura", dirigido em 1945, por seu amigo Victor Fleming. Em dezembro de 1949, casa novamente. Desta vez com lady Silvia Ashley, ex-mulher de Douglas Fairbanks. Mas a relação foi curta, terminou em abril de 1952.
Em 1953, participa de um de seus maiores êxitos da fase madura, "Mogambo", de John Ford, quando chegou a ter um romance com uma das atrizes, a bela Grace Kelly. Em 11 de julho de 1955 Clark aparentava felicidade ao casar-se com Kay Spreckles. Amável e sem glamour, ela parecia ter dado paz e estímulo ao marido que, naquela década, trabalhou ativamente ao lado de estrelas como Yvonne de Carlo em "Meu Destino Foi Pecar", com Eleanor Parker em "Esse Homem é Meu" e com a italiana Sophia Loren na comédia "Começou em Nápoles", seu penúltimo filme.
 
 
Em 1960 foi contratado para atuar com Marilyn Monroe em "Os Desajustados", de John Huston, que tinha roteiro original do dramaturgo Arthur Miller, marido de Marilyn.

Seu salário foi de 750 mil dólares, mais 58 mil para cada semana de acréscimo. E as filmagens, tumultuadas pelos atrasos e caprichos de Marilyn, foram além do prazo.



Clark estava feliz mesmo no meio das confusões, pois ficou sabendo que iria ser pai pela primeira vez. Kay estava grávida. Porém, o destino foi novamente cruel. Em 16 de novembro de 1960, dois meses depois de terminar as filmagens de "Os Desajustados", Clark sofreu um fulminante ataque de coração.

William Clark Gable morre dez dias depois, em 16 de novembro de 1960. Foi enterrado ao lado de Carole Lombard em Forest Lawn Cemetery. Em 20 de março do ano seguinte nasceu John Clark Gable, seu filho.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Esther Jane Williams


Esther Jane Williams, nasceu em Inglewood, Califórnia. Filha mais nova de uma família pobre de cinco filhos. Esther começou a nadar desde criança em piscina pública de sua cidade.
Antes de entrar para o cinema, Williams, entusiasta de natação, foi campeã do esporte na Feira Mundial de San Francisco (EUA). Além disso, cursou a Universidade da Carolina do Sul e foi modelo profissional.1


Em 1940 foi descoberta pela MGM, produtora com a qual assinou contrato. Ao lado de Mickey Rooney no filme Andy Hardy’s Double Life estreou no cinema aos 20 anos de idade, e em 1944 ao atuar em Escola de Sereias (Bathing Beauty) ao lado de Red Skelton, alcançou finalmente o estrelato, passando a figurar entre as grandes atrizes da MGM.


Divorciada, em 1944, do Dr. Leonard Kouner (com quem havia se casado no ano anterior) voltou a se casar no ano seguinte com o ator Ben Gage, de quem também se divorciou. Teve três filhos e também foi casada com o ator Fernando Lamas, o latin lover do cinema americano.

Foi eleita uma das estrelas de maior público em 1950, além de ser considerada a Sereia de Hollywood e a rainha dos filmes musicais dos estúdios MGM, invariavelmente em espetáculos aquáticos.2
Em 1952, Esther estreou um dos seus maiores sucessos de bilheteria, A Rainha do Mar (Million Dollar Mermaid), uma história real na qual a atriz vivia o papel da própria Annette Kellerman. 
 
 
Como muitas outras grandes estrelas da época dourada de Hollywood, a maturidadde de Esther também não foi muito feliz, principalmente quando o seu casamento com o ex-galã latino Fernando Lamas começou a se desmanchar. Em dezembro de 1974, aos 51 anos de idade, foi presa por estar dirigindo embriagada.
 




 Foi solta após duas horas depois que o marido pagou a sua fiança. Na noite de 6 de Junho de 2013 em Los Angeles, Esther Williams faleceu durante a noite, enquanto dormia, aos 91 anos de idade.
 
 
Esther Williams 
(Inglewood, Califórnia, 8 de agosto de 1923
 Beverly Hills, Califórnia, 6 de junho de 2013
 
 
 




 

James Byron Dean



James Byron Dean nasceu em Marion (Indiana 08 de Fevereiro de 1931) e morreu num acidente de carro (30 de Setembro de 1955, California, USA)que interrompeu sua carreira no auge e o transformou em mito cultuado ainda hoje. Filho de um dentista, perdeu a mãe aos sete anos. Cresceu numa fazenda de Iowa e após concluir o secundário foi para Los Angeles, onde estudou no Santa Monica Junior College e na UCLA.
Como ator, integrou o grupo teatral de James Whitmore (veterano que reapareceu em "Um Sonho de Liberdade", como o bibliotecário da penitenciária Shawshank) e fez pontas em quatro filmes, entre eles "Baionetas Caladas" (1951), de Samuel Fuller, e "Sinfonia Prateada" (1952), de Douglas Sirk. Foi em Nova York, no entanto, que sua carreira decolou: assistiu a aulas no lendário Actors Studio, fez pontas na TV e duas peças na Broadway. A segunda, "The Immoralist" (1954), lhe valeu um teste na Warner.

Pouco tempo depois, já era um ídolo em todo o país. Estrelou os filmes: "Juventude Transviada" (1955), "Vidas Amargas" (1955) e "Assim Caminha a Humanidade" (1956). Os dois últimos lhe renderam indicações póstumas ao Oscar de melhor ator. Em 30 de Setembro de 1955 quando dirigia seu Porsche rumo a Salinas, onde participaria de uma corrida, sofreu um acidente fatal que lhe tirou a vida. Inúmeros livros e filmes - como "O Espírito de James Dean" (1978), de James Bridges, e "James Dean, o Mito Sobrevive" (1982), de Robert Altman - dedicaram-se nas últimas décadas a analisar a personalidade do ator e o impacto de sua morte sobre milhões de fãs.