Enquanto faço o verso,
tu decerto vives.
Trabalhas tua riqueza, e eu
trabalho o sangue.
Dirás que sangue é
o não teres teu ouro
E o poeta te diz: compra o
teu tempo.
Contempla o teu viver que corre,
escuta
O teu ouro de dentro. É
outro o amarelo que te falo.
Enquanto faço o verso,
tu que não me lês
Sorris, se do meu verso ardente
alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento,
desconversas:
"Meu precioso tempo não
pode ser perdido com os poetas".
Irmão do meu momento:
quando eu morrer
Uma coisa infinita também
morre. É difícil dizê-lo:
MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que
o teu ouro não compra,
E tão raro, que o mínimo
pedaço, de tão vasto
Não cabe no meu canto.
( Poema Hilda Hilst )
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