domingo, 22 de julho de 2012

Curruíra



Para a Loura 
Teço, reteço, entristeço
Bordo, rebordo, enlouqueço
Traço, desfaço, esmoreço
Ponho, reponho, componho, sempre um recomeço
Linha a linha,
Graveto por graveto. 




Espero...
Ah, esta tempestade que não chega,
Que me evita,
Que não me contém,
Que...


Ah, esta dor lancinante, silenciosa, profunda,

Esta melancolia, estes desejos,
A tua boca que não mordisca meu pescoço... ainda.

Ah, teus olhos que não me veem,

Que não vêm,
Teus braços que não me assaltam,
Teu fogo que não me consome... ainda.

Ah, este vinho que não me embriaga,

Esta brisa que não me acalma
Este poema que não encontro... ainda.

Aconchego-me, enquanto te espero, na mansidão:

Teço, reteço, entristeço
Bordo, rebordo, enlouqueço
Traço, desfaço, esmoreço
Ponho, reponho, componho, sempre um recomeço
Linha a linha,
Graveto por graveto.


Ah, esta vontade de voar,
Ir pro meu céu,
Pro teu inferno,
Pro nosso paraíso.

Ainda não,

Ainda não é,
Por enquanto, espero-te.
Calma, paciente, silenciosa,

Louca, serena, saudosa.

Quando a desesperança me aflige,

Debruço-me, enquanto te espero, na mansidão:
Teço, reteço, entristeço
Bordo, rebordo, enlouqueço
Traço, desfaço, esmoreço
Ponho, reponho, componho, sempre um recomeço
Linha a linha,
Graveto por graveto.

Desenho castelos,

Assovio baixinho uma canção,
Faço um café,
Arrumo a cama,
Escolho a louça, os talheres e as flores,
Ponho a mesa,
Sento-me na varanda com a cuia ainda quente.

Enquanto te espero,

Refresco-me na mansidão:
Teço, reteço, entristeço
Bordo, rebordo, enlouqueço
Traço, desfaço, esmoreço
Ponho, reponho, componho, sempre um recomeço
Linha a linha,
Graveto por graveto.
Sou curruíra,
Às vezes, mansa,
Às vezes, tonta,
Mansa e tonta de saudades.
Não demore, meu amor!!!


Carlos Villarruel (18.6.2012; concluído em 20.6.2012)

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