quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Dois Chapéus


Dois chapéus...
Para Cadu e Rê (em ordem alfabética)

Um panamá e um fedora...
Vistosos, europeus, alvissareiros,
Limpos, macios, finos, perfumados.
Um dentro do outro, encarnados,
Metidos, copulados, introduzidos
Um noutro.

Dois chapéus, cúmplices,
Imagem de amor,
De sexo ardente, profano e profundo.
Dor e sabor, prazer lambuzado, saciado e por vir.
Esperança nos olhos...
Cruzam os olhares, buscam a certeza em si mesmos,
Na troca que só lhes cabe.
A todo instante, brindam com sinais delicados, silenciosos e discretos,
Da alma, do coração.
Escorpio, intenso, sensual, viril e panamá.
Aquarius, idealista, livre, objetivo e fedora.
Contrários, completos, dispostos, românticos.
Quem poderá traduzi-los?
Trocam confidências na sintonia do silêncio.
Atentos e atônitos.
Ansiosos e provocadores.
Vassalos e senhores.
Troca-troca, troca e destroca, xeque-mate!!!!

Dois chapéus fundidos
Ilhados
Dançarinos bêbados no meio da multidão
Fartam-se de confetes e champanhe
Embriagam-se em demasia e dançam nus no salão.

Dois chapéus em si, na mesa,
Perto das flores que os decoram.
Um panamá e um fedora.
Dois num.
Chapéus na mesa, no turbilhão.
Dois chapéus simples assim.
Agora, panamá e fedora fecham discretamente a porta do quarto.
É a hora de mais um gozo em homenagem à vida.                                                                       
Carlos Villarruel (20 de outubro de 2011)

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