Janela é o bater das asas da borboleta amarela.
Abre pra fora as duas folhas
de madeira à-toa pintada,
janela jeca, de azul.
Eu pulo você pra dentro e pra fora,
monto a cavalo em você,
meu pé esbarra no chão.
Janela sobre o mundo aberta, por onde vi
o casamento da Anita
esperando neném, a mãe
do Pedro Cisterna urinando na chuva,
por onde vi meu bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai:
minhas intenções com sua filha são as melhores possíveis.
Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão,
clarabóia na minha alma,
olho no meu coração.
Adélia Prado
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