Meu cão chama-se Floc. Entre os mais belos,
É talvez o mais lindo que há no mundo.
É um cão meditativo e silencioso.
Nos seus olhos redondos e amarelos
Há qualquer coisa de saudoso
E de profundo.
É longo e magro. Tem o andar lento e pausado
De um boêmio sonhador,
Que vive a recordar com o seu Passado,
A Glória, a Vida, a Mocidade, o Amor...
Foge dos outros cães; anda constantemente
Só, porque ama o silêncio do abandono.
Passa os dias deitado molemente
Aos pés da escrivaninha do seu dono.
Tem carícias no olhar de água parada...
Outro dia, no escuro da janela,
Vi que olhava para ele, enamorada,
Maravilhadamente uma cadela.
Nasceu nalgum país de bruma fria,
Num castelo escondido entre a espessura,
Porque ele tem a polidez da fidalguia
E o sangue azul dos cães de raça pura.
É um cão de vida original e quieta;
Tão diferente desses cães de rua!
Meio filósofo e poeta
Amando a solidão e amando a lua.
Seus olhos grandes, mesmo que não falem,
Traduzem, num profundo desalento,
Toda a sua romântica afeição:
Há muitos homens por aí que nada valem
Porque não têm o sentimento
Nem a sinceridade do meu cão.
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