quarta-feira, 2 de julho de 2014

Mãos: o que fazemos com elas

O príncipio da incerteza, 1944
René Magritte (Bélgica, 1898-1967)
Óleo sobre tela




Houve tempo em que brincávamos com as mãos fazendo as mais diversas sombras. Lembro-me de passar alguns dias de férias na casa de uma família amiga, era um lugar longínquo. Chegávamos de trem até a estação mais próxima. Não havia eletricidade. Lampiões eram acesos assim que o sol ia se pondo. Havia lampiões em todo canto, na varanda que circundava a casa em três lados e dentro de casa. Na varanda eram dependurados, de quando em quando, dos vergalhões que sustentavam o telhado, de telhas louçadas com decoração em azul e branco. A casa de um andar só era rústica, e dependíamos de dosséis para nos livrarmos das mordidas de mosquitos e de todo outro tipo de inseto atraído para dentro de casa pela luz dos lampiões. Foi a primeira e última vez que dormi debaixo de um dossel e devo dizer, foi de grande efeito ainda que abafe um pouco o ar já quente e úmido do verão tropical. Lá, para passar o tempo das longas férias de verão, brincamos algumas noites de sombras com as mãos

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