sexta-feira, 19 de julho de 2013

Dia Cinzento



Que dia tão cinzento
Que amargura a minha alma
Que me guarda numa lamúria
Que me cega e provoca sufoco
Que me mata e me desvia
Dos dias da alegria tão desejada.

Passei horas de sufoco
Enrolado na escuridão
Agarrado a pensamentos
Que bem no fundo do coração
Teimam em manifestar-se
E fazerem-se sentir.

Sempre que de olhos fechados
Te tentava esquecer
A saudade invadia meu corpo
E teimavas em aparecer
Iluminando o meu caminho
Tornando-me um novo ser.

As mágoas por mim passaram
Preso nesta solidão
Pensando em quando te rever
E nos quadros da minha paixão
Escrevia o teu nome na carne
E também no coração.

Teu sorriso nunca será esquecido
Pois tinha calor e emoção
E teus olhos cintilantes
Dão novo brilho a este ser
Que outrora se houvera esquecido
De quão bom era viver.

E solitário por natureza
Embriaguei-me no prazer
Das lembranças da tua beleza
E no charme que te envolve
E de coração fragilizado
Imaginei-te mesmo a meu lado.

Que bom sonhar e ser amado
Que bom saber que a vida volta
Pois não se pode perder
Sem ser declarada tal derrota
E enquanto as forças nos erguerem
Lutaremos sem igual.

Mas a teimosia da realidade
Fez questão de me acordar
E perceber que a vida é dura
E tem obstáculos a percorrer
Que nem sempre são vitórias
Tantas as vezes do perder.

Por isso o dia cinzento
Fez questão em me prender
Entregue à memória
Do que poderia acontecer
Se juntos não pudéssemos ficar
Sem tão pouco o tentar.

Rendido ao pensamento
Passei horas a chorar
Lágrimas que parecem sangue
Mas que insistem em rasgar
E que no percorrer do meu corpo
Sobre a alma se vão deitar.

Foi um dia…
Dia cinzento
Dia frio e mal amado
Dia eternamente amaldiçoado
Qual presente envenenado
Feito para me fazer sofrer.


Paulo Gomes
do Livro Momentos

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