quarta-feira, 12 de junho de 2013

Janela

Janela, palavra linda.
Janela é o bater das asas da borboleta amarela.
Abre pra fora as duas folhas 

de madeira à-toa pintada,
janela jeca, de azul.
Eu pulo você pra dentro e pra fora, 

monto a cavalo em você,
meu pé esbarra no chão.
Janela sobre o mundo aberta, por onde vi
o casamento da Anita 

esperando neném, a mãe
do Pedro Cisterna urinando na chuva, 

por onde vi meu bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai:
minhas intenções com sua filha são as melhores possíveis.
Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão,
clarabóia na minha alma,
olho no meu coração.

Adélia Prado

Nenhum comentário:

Postar um comentário